O volume 16º da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros conta que, segundo a tradição, os primitivos habitantes da região eram os índios quixarás. Os primeiros civilizados que penetraram aquelas terras vieram do Jaguaribe, seguindo o Rio Banabuiú. Eram membros das famílias Correia Vieira e Rodrigues Machado, que ali se estabeleceram com fazendas de criar. A povoação parece ter nascido precisamente dessas fazendas.[6]
Em 7 de novembro de 1702, o Capitão-mor Francisco Gil Ribeiro, governador da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, concedeu as primeiras sesmarias às margens do Rio Ibu, nome pelo qual os indígenas daquela época chamavam o atual Rio Quixeramobim.
Dentre as sesmarias concedidas, uma coube ao alferes Francisco Ribeiro de Sousa, cujas terras passaram, posteriormente, a Gil de Miranda e sua mulher Ângela de Barros, bem como ao padre Antônio Rodrigues Frazão. Aos segundos possuidores, comprou-as o Capitão Antônio Dias Ferreira, português, natural da cidade do Porto e nelas fundou a fazenda "Boqueirão de Santo Antônio", iniciando, em 1730, nesse local, a construção de uma capelinha da qual veio a se tornar orago o taumaturgo Santo Antônio de Pádua, mais tarde Santo Antônio de Quixeramobim.[6]
Antônio Dias Ferreira tornou-se elemento de fortuna avultada, possuindo vinte léguas de terras, a começar do lugar Espírito Santo, além de Boa Viagem, até a barra do Sitiá, onde tinha grandes fazendas de cavalos e mulas, com feitorias de escravos de Angola. O rico devoto, construindo aquele templo, o fez com empenho e magnificência, até mandando vir artistas de Portugal.
À referida capela, o capitão Antônio Dias Ferreira doou meia légua de terras "com trinta vacas cituadas", tendo custeado, ainda, as grandes reformas por que passou aquele templo.
Em 15 de novembro de 1755, esse templo é elevado à categoria de matriz, com a criação da paróquia, por provisão do religioso carmelita Frei Manuel de Jesus Maria, autorizado pelo bispo de Pernambuco, D. Francisco Xavier Aranha.
Em 22 de fevereiro de 1789, o governador de Pernambuco, D. Tomás José de Melo, em face da Carta Régia de 22 de julho de 1766, autoriza ao Dr. Manuel de Magalhães Pinto e Avelar de Barbedo, ouvidor-geral da comarca do Ceará, a elevar à categoria de vila a então povoação de Santo Antônio do Boqueirão de Quixerarnobim, instalando-se o município no dia 13 de junho de 1789, com a denominação de Nova Vila do Campo Maior.[6]
A casa da câmara, de estilo colonial, teve sua construção iniciada em 1818, concluindo-se os trabalhos em 1857.
Compunham a primeira câmara municipal: juízes ordinários - sargento-mor José Pimenta de Aguiar e capitão-mor Antônio Pinto Borges; vereadores - José dos Santos Lessa, Antônio José Fernandes do Amaral e Antônio das Virgens Lisboa; procurador - Domingos de Carvalho Andrade; e juiz de órfãos - tenente-general Vicente Alves da Fonseca.
A Confederação do Equador, no Ceará, teve início em Quixeramobim, quando a Câmara Municipal, no dia 9 de janeiro de 1824, declara decaída a Dinastia Bragantina e proclama uma República, como represália à atitude de Dom Pedro I em dissolver a Assembleia Constituinte e querer outorgar ao País uma constituição sem anuência do povo brasileiro.
A primeira escola pública de meninos, criada pela Lei Nº 1827, tinha como primeiro professor a Pedro Jaime de Alencar Araripe; a escola, para meninas, era dirigida pela professora Joana Antônio do Sacramento.
Na terceira década do Século XIX o município foi palco de terríveis lutas, entre Araújos e Maciéis, descritas em Os Sertões, de Euclides da Cunha, ao registrar antecedentes da família de Antônio Conselheiro.
No último quartel do Século XVIII, o tenente-general Vicente Alves da Fonseca construiu, nas terras de sesmarias do riacho Pirabibu, que lhe foram concedidas pelo capitão-mor João Teyve Barreto de Menezes, em 23 de novembro de 1744, o primeiro açude público do Ceará.[6]
A Nova Vila do Campo Maior, pela Lei Nº 770, de 14 de agosto de 1856, adquiriu foros de cidade, com a simples denominação de Quixeramobim. O primeiro prefeito foi Dr. Cornélio José Fernandes de 1888 a 1891.
A partir de 1857 o templo de Santo Antônio, não obstante a reforma que lhe fez, em 1789, o capitão Narciso Gomes da Silva, natural do Cabo (Pernambuco), já não comportava o número de fiéis que o frequentavam. Terrível febre epidêmica ocorrida na cidade não permitiu que continuasse, na penúltima década do século XIX, a necessária reforma, vindo esta a ser reiniciada em 1902, por monsenhor Salviano Pinto Brandão, entregues os trabalhos à orientação do coronel Rafael Pordeus da Costa Lima. Concluída, em 1916, a matriz, com suas duas torres e frontispício neoclássico, é um monumento de rara beleza.[6]
A comarca de Quixeramobim, instituída em 6 de março de 1833, teve como primeiro juiz de direito o Dr. Antônio Pereira Ibiapina, cognominado mais tarde "Apóstolo do Nordeste", pelas inúmeras obras de assistência moral e social prestadas às populações sertanejas das províncias do Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Quixeramobim possui a alcunha "Coração do Ceará", por abrigar o ponto de equidistância geodésica do estado, localizado em um marco obelisco com cerca de dez metros de altura, na Praça Dias Ferreira, feito em granito e aço. O município está dividido em dez distritos: Belém, Encantado, Manituba, Nenelândia, Uruquê, Lacerda, Damião Carneiro, Passagens, São Miguel.
Praticamente todo o território do município está na bacia hidrográfica do rio Banabuiú, que corta a parte sul do seu território. Contudo, o principal curso d'água é o rio Quixeramobim que é um afluente do Banabuiú. É no rio Quixeramobim que estão as principais barragens do município, o açude Quixeramobim e o açude Fogareiro.
A vegetação presente em praticamente todo município é a caatinga arbustiva densa ou aberta, caracterizada pela presença de cactos e vegetação rasteira com árvores baixas e cheias de espinho. Apenas em uma pequena área no extremo sudoeste, próximo à fronteira com Pedra Branca ocorre a floresta caducifólia espinhosa, ou caatiNga arbórea.< Sua cobertura vegetal tem sofrido grande intervenção desde a fundação do município, através de desmatamentos e queimadas com o objetivo de preparar o solo para a agricultura e, em grande parte, para a pecuária extensiva.
O clima é semiárido, com chuvas concentradas de fevereiro a maio. O índice pluviométrico é de 713 milímetros (mm) anuais.[7] Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1961 a 1979, 1981 a 1984 e a partir de 1994, a menor temperatura registrada em Quixeramobim foi de 13,7 °C em 2 de agosto de 1977,[8] e a maior atingiu 39,6 °C em 19 de outubro de 1998.[9] O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 142,4 mm em 30 de março de 1977. Outros grandes acumulados superiores a 100 mm foram 111,2 mm em 10 de fevereiro de 1978, 109 mm em 17 de abril de 1984 e 106,8 mm em 9 de abril de 1973.[10]